Militares de alta patente, ex-ministros e o próprio Bolsonaro são investigados por participação em um plano para reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse de Lula

Tentativa de golpe: veja quem são os acusados no STF

O julgamento que apura uma tentativa de golpe de Estado no Brasil, após as eleições de 2022, reúne uma linha de frente que mistura militares da reserva e da ativa, ex-ministros, operadores políticos e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro. 

As investigações da Polícia Federal e os depoimentos colhidos pelo Supremo Tribunal Federal apontam que esse núcleo teria discutido e, em alguns casos, redigido, minutas para sustar o resultado das eleições e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. 

Os depoimentos, ainda em curso, mostram uma estratégia comum de recuo: os acusados negam envolvimento direto, se dizem alheios aos planos golpistas e buscam atribuir responsabilidade a outros agentes ou à desorganização institucional. Este quadro apresenta os principais nomes dessa investigação histórica e o papel de cada um no suposto complô contra a democracia.

Quem é quem no julgamento da tentativa de golpe:

Jair Bolsonaro

Ex-presidente da República, é investigado como autor intelectual de uma suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula. Teria revisado minutas de decretos que previam Estado de Defesa ou Sítio e incentivado, ao longo do mandato, ataques ao sistema eleitoral. Seu depoimento ao STF foi o mais aguardado e marcou um recuo retórico: pediu desculpas a Moraes e negou articulações para romper a ordem institucional. 

Mauro Cid

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, é colaborador premiado da Polícia Federal. Em sua delação, afirmou que Bolsonaro revisou documentos com o objetivo de sustar o resultado das eleições. Disse que participou de reuniões em que essas ideias foram discutidas e entregou uma das minutas ao então presidente. 

Augusto Heleno

General da reserva e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), é apontado pela PF como possível coordenador de um “gabinete de crise” que daria e a um plano golpista. Também teria participado de reuniões para questionar o resultado das eleições. No STF, negou qualquer envolvimento ou conhecimento sobre o suposto plano “Punhal Verde Amarelo”. 

Anderson Torres

Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, foi preso após os atos de 8 de janeiro. Responde por omissão e possível conivência com o desmonte da segurança pública na capital federal. Uma minuta de decreto golpista foi encontrada em sua casa. No depoimento, alegou que o texto era “uma minuta do Google” e negou ter provas de fraude nas urnas. 

Almir Garnier

Ex-comandante da Marinha, é investigado por supostamente ter aceitado participar de ações golpistas, colocando a força à disposição de Bolsonaro. Negou as acusações e disse que as Forças Armadas se mantiveram institucionais. Alexandre Ramagem Deputado federal (PL-RJ) e ex-diretor da Abin, é investigado por possível uso da agência de inteligência para espionar ilegalmente autoridades e alimentar a guerra contra o sistema eleitoral. Em seu depoimento, negou qualquer atuação fora dos parâmetros legais e disse que os vídeos enviados a Bolsonaro eram públicos e técnicos. 

General Braga Netto

Ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro, é citado por delatores como parte do grupo que teria planejado uma ruptura institucional. Teria discutido com Bolsonaro estratégias para impedir a posse de Lula. Ainda não prestou depoimento nesta fase, mas é alvo direto da investigação da PF. 

General Paulo Sérgio Nogueira

Ex-comandante do Exército, participou de reuniões em que se questionava a Justiça Eleitoral e a confiabilidade das urnas. Seu nome aparece como um dos possíveis avalistas de um plano golpista. Até o momento, adota linha de defesa baseada no caráter institucional das Forças Armadas.